segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Regência Nominal




A regência nominal estuda os casos em que "nomes" (substantivosadjetivos eadvérbios) exigem uma outra palavra para completar-lhes o sentido. Em geral, a relação entre um nome e o seu complemento é estabelecida por uma preposição.

É bacharel em direito. (se é bacharel, é bacharel em algo)
Tenho aversão a altitude. (se tem aversão, tem aversão a algo)
É preciso ter amor a vida. (se tem amor, tem amor a algo)
Fico feliz por você. (se fica feliz, fica feliz por alguém)
Quero sempre estar junto a ti. (se está junto, está junto a alguém)

Cabe observar que certos nomes admitem mais de uma regência, ou seja, mais de uma preposição. A escolha desta ou daquela preposição deve obedecer às exigências da clareza, da eufonia e adequar-se às diferentes nuanças do pensamento, obedecendo à gramática padrão. No exemplo a seguir, o adjetivo "acostumado", que pede um complemento (quem está acostumado, está acostumado "a algo" ou "com algo"), pode ser completado por intermédio de pelo menos duas preposições diferentes: 
Estou acostumado a essa vida agitada.
Estou acostumado com o trânsito de São Paulo sempre travado.


Ao aprender a regência de um verbo, você estará praticamente aprendendo a regência do nome cognato (que vem da mesma raiz do verbo). É o caso, por exemplo, do verbo obedecer e do nome obediente. Este verbo exige a preposição [a], que é a mesma exigida pelo nome derivado do verbo. Ex:
Devemos obedecer a lei.
Devemos ser obedientes a lei.



Da mesma forma, todos os advérbios formados de adjetivos [mente], tendem a apresentar a mesma regência dos adjetivos dos quais derivaram. Ex: 
compatível [com] => compativelmente [com]
relativo [a] => relativamente [a]
próximo [ade] => proximamente [ade]


Por fim, existe também o caso em que o nome é completado por uma outra oração (frase com um verbo). Nestes casos, o complemento será intermediado por preposição e por uma conjunção integrante (que, se) exercendo sua função típica de integrar orações. Trata-se das orações subordinadas completivas nominais. Ex
Ficamos temerosos de que você demorasse muito.
Ficamos temerosos sobre se você demoraria muito.


Para identificar facilmente os casos de orações subordinadas substantivas, basta verificar se a substituição da oração pelo termo ISSO é adequada. Ex: 
Ficamos temerosos dISSO (de + ISSO).
Ficamos temerosos sobre ISSO.





Erros Comuns

“Quanto você pagaria por um disco em vinil com uma música de grande sucesso?”

O emprego da preposição em onde ela não cabe é um erro comum. Com o verbo <resistir> e o substantivo <resistência>, por exemplo, não se deve usar esta preposição. Em vez de “resiste em fazer algo”, o correto é “resiste a fazer algo. Na situação do notícia acima, é clara a necessidade da preposição de. Dizemos que um disco é feito de vinil, que um anel é feito de ouro ou de prata etc. É um erro usar a preposição em indicando a matéria de que algo é constituído. Logo, a frase correta é
"Quanto você pagaria por um disco de vinil com uma música de grande sucesso?"


Vejamos outro exemplo de erro comum:
intenção do governo em aumentar a arrecadação é absurda.

Um caso relativamente corriqueiro é o de construções em que um substantivo comporta dois complementos diferentes regidos pela mesma preposição, mas o redator troca um desses por outra preposição para “evitar a repetição”. Atenção:evita-se a repetição de nomes, mas não a de elementos de coesão, que têm função de articular sintaticamente as partes do texto. Não é correta uma construção como a apresentada acima porque os dois complementos (“governo” e “aumentar a arrecadação”), ambos ligados ao substantivo “intenção”, devem ser introduzidos pela preposição de. Assim, a construção adequada é :

“A intenção do governo de aumentar a arrecadação é absurda.

A regência nominal não é um assunto tão cobrado em provas, como a regência verbal. Mas pode aparecer. Segue abaixo uma relação de erros comuns  de nomes que pedem complementos ou adjuntos com preposição e a forma que está de acordo com a norma culta.

TV (em)
Estamos na era da TV a cores(errado)
Estamos na era da TV em cores.

Igual (a)
Outro igual eu você não encontrará. (errado)
Outro igual a mim você não encontrará.

Bacharel (em)
Se formou como bacharel de ciência da computação. (errado)
Se formou como bacharel em ciência da computação.

Alienado (de, a, para)
Estão todos alienados com os últimos acontecimentos. (errado)
Estão todos alienados dos últimos acontecimentos.
O veículo está alienado a um banco.
O veículo está alienado para um banco.

Curioso (de, sobre, por)
Fiquei curioso com o que aconteceu. (errado)
Fiquei curioso do que aconteceu.
Fiquei curioso sobre o que aconteceu.
Fiquei curioso pelo que aconteceu.

Recurso (de, contra)
Não cabe recurso à decisão. (errado)
Não cabe recurso contra a decisão.
Não cabe recurso da decisão.

Acostumado / Habituado (a, com)
Fiquei acostumado de lanches na hora do almoço. (errado)
Fiquei acostumado a lanches na hora do almoço.
Fiquei acostumado com lanches na hora do almoço.

Ansioso (por, para, de)
Estava ansioso em conhecê-la. (errado)
Estava ansioso de ver o cometa.
Está ansioso por uma nova oportunidade.
Permaneceu ansioso para falar.

Confiante (em)
Continuava confiante da vitória. (errado)
Continuava confiante em vitória.

Compatível (com, entre)
O doador tinha o sangue compatível ao da vítima. (errado)
O doador tinha o sangue compatível com o da vítima.
Os sangues de doador e vítima eram compatíveis entre si.

Entendido, Perito (em)
Era entendido de Mecânica. (errado)
Era entendido em Mecânica.
Era perito em construções.

Incluído (em, entre)
Foi incluído ao grupo. (errado)
Foi incluído no grupo.
Estava incluído entre os mais capacitados.

Morador / Residente / Situado/ Estabelecido (em, de)
Residente à rua Vila Bernadete. (errado)
Era morador na Rua do Lavradio.
Foi morador da Rua Santa Clara. 


Junto (de, a)
A cadeira junto da porta estava desocupada. (correto)
A arma se encontrava junto ao corpo da vítima. (correto)
O ex-presidente foi nomeado embaixador junto ao (= adido ao) governo italiano.


O empresário não conseguiu quitar sua dívida junto ao banco. (errado)
O empresário não conseguiu quitar sua dívida com o banco. 
Pediu vários empréstimos junto ao banco. (errado)
Pediu vários empréstimos ao banco.
A audiência da novela cresceu assustadoramente junto aos espectadores. (errado)
A audiência da novela cresceu assustadoramente entre os espectadores.
O Vasco prometeu a Serginho comprar seu passe junto à Portuguesa. (errado)
O Vasco prometeu a Serginho comprar seu passe da Portuguesa.
O advogado entrou com um recurso junto ao tribunal. (errado)
O advogado entrou com um recurso no tribunal.


Próximo (a, de)
Fiquei próximo ao muro.
Deixamos o carro próximo da árvore.

Apaixonado (por, de)
Era um apaixonado da natureza.
Estava apaixonada pelo colega de trabalho.

Apto/Aptidão (a, para)
Farei o teste de aptidão a pilotagem militar
Sempre teve aptidão para as artes
Sentia-se apto ao trabalho externo.
Considerei-o apto para exercer a profissão.

Conforme (a, com)
Assumiu uma postura conforme às suas raízes. (semelhante)
Essa atitude é mais conforme com seus ideais. (coerente)

Estudante, Estudioso (de)
O jornalista é estudioso de ufologia.

Parecido (com, a)
Era parecido com o avô.
Sendo parecido ao pai, foi aceito logo.

Grato (a, para, por)
Sou grato a todos neste dia especial.
Sua ajuda é sempre grata para meus filhos.
Mostrou-se grato pelo conselho que lhe dei.

Medo (de, a)
O menino tem medo do escuro.
Tive medo ao inspetor.

FONTE: http://www.portuguesxconcursos.com.br

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